
Alisamento capilar e segurança: O que você precisa saber sobre o risco do formaldeído nos cosméticos
O desejo por cabelos lisos e alinhados impulsionou uma revolução nos salões de beleza nas últimas décadas. Procedimentos como a escova progressiva tornaram-se parte do cotidiano de milhões de brasileiras — mas, por trás do brilho e da maciez, pode haver um perigo invisível: o formaldeído.
Formaldeído: o risco invisível nos salões de beleza
Um estudo conduzido por Abreu, Azevedo e Falcão (2019) lançou luz sobre esse problema ao analisar a presença de formaldeído em produtos comerciais de alisamento capilar disponíveis no mercado. A pesquisa avaliou tanto as concentrações dessa substância quanto a veracidade das informações fornecidas nos rótulos. O que se descobriu foi alarmante: metade dos produtos testados apresentava níveis de formaldeído muito acima do permitido pela ANVISA, que estabelece o limite de 0,2% quando usado como conservante.
Alguns produtos continham até 19 vezes mais formaldeído do que o legalmente aceitável, colocando consumidores e profissionais em risco constante. E o mais grave: em diversos casos, a presença da substância sequer era mencionada nos rótulos, e muitos produtos não possuíam registro oficial — uma clara violação das normas sanitárias brasileiras.
O formaldeído, ao ser liberado em forma de vapor durante o aquecimento, pode causar desde irritações leves, como ardência nos olhos e desconforto respiratório, até lesões mais sérias no couro cabeludo e nas vias aéreas. Há evidências que relacionam a exposição contínua a essa substância a efeitos mutagênicos e até potencial carcinogenicidade, o que levanta um sinal de alerta não apenas para os consumidores, mas também para os cabeleireiros que manipulam esses produtos diariamente.
Cosmetovigilância e responsabilidade profissional: um novo padrão de segurança
Diante desse cenário, a cosmetovigilância se torna uma ferramenta essencial. Trata-se de um sistema de monitoramento que acompanha os efeitos adversos de cosméticos após sua comercialização. Quando bem estruturado, esse mecanismo pode identificar produtos perigosos, rastrear irregularidades e proteger a saúde pública, exigindo maior transparência da indústria e promovendo a educação dos profissionais de beleza.
A pesquisa reforça uma verdade incômoda: enquanto houver falhas na fiscalização e omissões nos rótulos, o risco continuará presente nas prateleiras. Por isso, é indispensável que a sociedade exija maior rigor regulatório, enquanto profissionais da área busquem informação qualificada e atualizada para garantir um serviço seguro e ético.
Em tempos em que saúde e beleza caminham juntas, não basta o cabelo ficar bonito — ele precisa estar saudável, e o processo, seguro.
Referência:
Abreu, V. M., Azevedo, M. G. B., & Falcão, J. S. A. Cosmetovigilance in Hair Straighteners: Determination of Formaldehyde Content by Spectrophotometry and Label Evaluation. IntechOpen, 2019. DOI: 10.5772/intechopen.82842
1 comentário
O assunto é atual e oportuno, porque a procura pelos procedimentos químicos e térmicos ainda é muito grande nos salões de beleza. Agradecida